7.10.10

O último baile

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 Preparou tudo de forma minuciosa, pois eles mereciam e seria um modo de deixar sua consciência tranqüila, ou menos pesada. Conseguiu os doces pela metade do preço, assim como os salgados, a bebida foi dada por um distribuidor. Pensou como a guerra juntava as pessoas numa solidariedade sombria. O patriotismo levado ao extremo. Tudo pelo país, até mesmo mandar a juventude para a morte certa.
 A banda que irá tocar chegou no horário marcado, enquanto eles se preparavam arrumando instrumentos ouviam as instruções do organizador do baile. Instruções claras e precisas: somente músicas alegres e de exaltação, nenhuma de recriminação à guerra. Nunca, jamais.
 Os jovens começaram a chegar, os meninos se sentindo homens ao serem recrutados para lutar, a maioria só conhecia guerra de filmes. Veriam depois que os filmes mentem. As meninas doidas para namorar um futuro herói de guerra e já sabia o discurso de mulher de herói que usariam, além do vestido lindo a ponto de matar as outras de inveja.
 O garoto de óculos fundo de garrafa (recrutado por total falta e opções) ficou no canto, quieto. Fitou as pessoas dançando felizes antes de irem para o campo de batalha, observou-os sem o desejo carnal que o consome e sim com o olhar de um pai sabendo que o futuro do filho será nebuloso.
 Entre abraços e “olás” viu-os indo e vindo, ficou feliz ao ver o garoto de óculos conseguir tirar alguém para dançar. Excomungou quem decidiu chamar esse menino para a guerra, seria o primeiro a cair possivelmente. Segurando a parede com as costas escutou a conversa do jovem de óculos com a menina, ele prometeu voltar e ela prometeu esperar por ele, o jovem deu um colar com um santinho para ela e ela o pôs no pescoço e prometeu tirar somente quando ele voltar, para devolvê-lo.
 O baile acabou cedo e os rapazes orgulhosos dentro do uniforme foram embora levando as meninas em casa, uns fazendo mais do que somente as deixarem em casa. O menino de óculos foi um do que somente deixaram as meninas em casa. Deu-lhe um beijo e prometeu voltar para ela e pediu para a moça sempre usar o cordão até quando ele voltar da guerra antes disso nunca tirar.
 O cordão ficou no seu pescoço até o dia de sua morte, e o jovem nunca voltou para buscá-lo e nem poderia, pois nem da guerra voltou...

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