Atravessou o corredor com a cabeça no chão de tanta vergonha, percorria cada fileira de mesas sobre o olhar curioso de seus colegas de trabalho, nem percebeu os risinhos maldosos e o cochicho desenfreado por cima dos computadores.
Retrocedeu seus passos, bufou como um touro e voltou decidido para o ponto inicial de sua corrida, abriu a porta com tanta força que estilhaçou o vidro da parte de cima do seu obstáculo assustando o gordo de paletó cinza e gravata rosa.
- Que porra é essa, Henrique? – perguntou o gordo com o rosto ficando rosa – ficou maluco? Como entra na minha sala dessa forma, isso aqui não é o puteiro que é a tua casa, não! – o rosto dele rosa como iogurte de morango – além do relatório idiota que você me deu hoje, me vem com essa? Tá demitido! Sai daqui seu incompetente!
Henrique ficou parado sem dizer palavra, parece que o ímpeto inicial foi feito por outra pessoa ou algo que dominou seu corpo e saiu logo após os estilhaços de vidro tocarem o chão, não ofereceu resistência aos seguranças que o levaram para fora do prédio.
Com a gravata na mão e a camisa desabotoada ficou no meio-fio remoendo as angústias e o dia que começou mal, muito mal, sentiu a aproximação de alguém e virou para ver.
- Melhorou? – perguntou a mulher dentro de seu uniforme de secretária – acho que não... – concluiu ao não obter uma resposta – e sua vida como fica agora? – ele deu de ombros – boa sorte – deixou o caixote do lado dele e voltou para o prédio.
O farmacêutico nem pediu a receita para o remédio tarja preta que Henrique pediu, engoliu a cartela a seco e no meio da rua caiu como furta madura da árvore. Acordou com uma voz feminina o chamando pelo nome, abriu os olhos meio tonto querendo saber de onde a conhecia.
- Acorde, você teve um dia difícil hoje – ele assentiu com a cabeça – vem comigo, tudo vai ficar melhor agora – um sorriso surgiu em seu rosto e ele percebeu como ela era bela de corpo e rosto – você me procurou e eu vim ao seu encontro – o pegou pelas mãos e o ergueu – esqueça o caixote e o que tem dentro dele, não vai precisar de nada disso no lugar para onde você quis ir – deu a mão a ele e sorrindo caminhou a seu lado.
E enquanto caminhavam sorridentes uma ambulância chegava para atender um chamado feito para um homem que tomou remédios e caiu na rua do lado de um caixote de papelão cheio de materiais de escritório.
O Layout ficou mto FODA, a tua kra!!!
Gostei do conto.
André, que bom voltar a ler suas histórias. Não tava sabendo desse blog. Que bom! Abração.
http://quasepoema.zip.net
É incrível, André! Leio seus textos desde que nos contactamos pelos blogs, conheço um tantinho dos caminhos que você trilha pro desfecho dos escritos e acredite: eu ainda me surpreendo. Não suma, por favor. Leitura inteligente faz falta, viu? Um beijo.....