7.8.10

Conto de dia dos pais

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Todo o procedimento durou três anos, a maratona de visitas, entrevistas e análises de psicólogos foi cansativa e irritante. Tudo por ela.
 A conheceu numa visita voluntária, entre pequenos problemáticos e possíveis marginais, lá estava ela alheia a tudo imersa em sua própria dor. Parecia bem mais velha no alto de seus quatro anos. A tristeza quieta dela o cativou, procurou mais sobre a menina e descobriu uma história onde o binômio pobreza-violência guiava os passos de todos. Decidiu adotá-la.
 Fez algumas visitas ao abrigo, queria e precisava conhecê-la melhor. O contato no foi fácil e nem calmo, ela tinha a marca da violência: a desconfiança total de tudo e todos. Após transpassar o muro erguido pela pobreza e violência um jardim se revelou, florido, imenso e colorido. Era o coração apaixonante da criança de quatro anos.
 O coração, seu sorriso triste e sua fala calma e cheia de erros de português eram encantadoras. Ela seria sua filha não importa o que houvesse.
 A justiça foi como sempre é, lenta, e a lentidão do processo os aproximou criando raízes, presentes e um quarto todo rosa para ela. Quando o juiz a deu para ele, as lagrimas escorreram por seus olhos verdes. E hoje a menina com seus oito anos dorme tranquila no quarto ao lado. Pelo menos ele acha.
 Canhestra, ela abriu a porta verde-claro do quarto. Segurava uma bandeja com o café-da-manhã, preparado com a ajuda da empregada. Sorrindo sua voz era a felicidade:
- Feliz dia dos pais, papai!
 Ele era lágrimas e felicidade.

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