14.7.10

Procure cia. aérea

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Olhou para o painel com números e horários. Ignorou as palavras atrasado e cancelado que apareciam do lado direito de sua visão. Buscou, buscou e buscou até encontrar o culpado por sua ansiedade e fez uma careta estranha ao ler a mensagem “procure cia. aérea”. Percorreu o saguão de desembarque e chegou até o embarque em aproximados cinco minutos, desviando de malas e pessoas apressadas e seus óculos escuros para proteger do sol que sabe Deus onde foi se meter no meio do dia nublado.
 No terminal de embarque buscou por algum funcionário. O primeiro lhe ignorou e o segundo pouco sabia sobre o assunto. O terceiro esse sim, soube explicar a situação e pediu educadamente para ele aguardar que em uma hora aproximadamente a aeronave chegaria ao seu destino e melhor seria ele voltar para o desembarque. Uma hora – aproximadamente – e o gigante tocaria o solo.
 Resolveu comer algo. Desistiu depois do terceiro restaurante, foi comer no moço que vendia salgados numa bicicleta rezando para não passar mal depois de ingerir aquilo, por hora pensou somente que estava gostoso. Voltou para sua posição: à frente do televisor com os vôos de chegada e percebeu que a mensagem “procure cia. aérea” permanecia no painel. O relógio dizia que vinte minutos se passaram desde quando ele falou com o salvador funcionário e por isso o nervosismo o cegou.
 Correu para o setor de embarque novamente, atropelou duas mulheres e a moça com o esfregão na mão, nem pediu desculpas, procurou pelo tal rapaz e não o localizou. Questionou seu paradeiro para uma moça e ela educada e sorridente disse que o rapaz já tinha ido para casa e se ela poderia ajudar. Com o nervosismo turvando-o cuspiu palavras desconectadas pediu para falar com o superior aos berros, descontrolado e assustado temendo o pior.
 A jovem entrou numa porta para chamar o tal superior e ele nervoso conferiu as horas. Trinta minutos. A menina voltou e pediu para ele aguardar, pois o superior encontrava-se ocupado. Quarenta minutos passaram desde quando o falaram da previsão de decolagem. O superior surgiu da porta e foi ao seu encontro, esperou ele cuspir tudo que tinha para cuspir e disse com calma que a aeronave do vôo já estava em solo e o desembarque já ocorria.
 Na volta para o setor de desembarque, correndo novamente, conseguiu desviar de todos os obstáculos humanos e derivados. Foi interrompido pelo som da grave voz a muito conhecida. Procurou no sentido do som e encontrou o dono da voz. Os olhos encheram de água e foi com os braços abertos ao encontro do homem baixo e com cara de desconfiado, o motivo e todo seu nervosismo. O ergueu e disse a palavra que resumiu todo seu sentimento: pai.

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