18.7.10

Mais uma de amor

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 O fone de ouvido o desligava do mundo ao seu redor, alguns psicólogos diriam que é um método de fuga, ele acha que é uma forma de ninguém o perturbar. Ali com os ouvidos atentos a musica do Renato Russo, Thales olhava o nada matando aula. Física quem precisa disso? Ele se chama Thales e não Newton, não precisa saber física.
 Sentado na parte de trás da escada Thales rabiscava o caderno tentando desenhar algo que nem de muito longo parecia um desenho e sim um rabisco infantil. Estava tão entretido que nem a viu chegar, só percebeu o tênia rabiscado com caneta, tinteiro talvez, vermelha e o cadarço azul claro. Levantou a cabeça e viu o corpo pequeno e frágil na sua frente, os longos cabelos negros até abaixo da metade de seu comprimento e a partir dali azuis. Ela começou puxando assunto:
- Posso sentar?
- Senta – voltou a se entreter com sua tentativa de criação de desenho.
 Ela sentou, do lado oposto ao dele com os joelhos protegidos pelos braços, tamborilando com os pés. Thales começou a se irritar com a menina e lançou um olhar reprovador, ela percebeu e sem graça parou com o tique até começar a batucar com as mãos.
- Algum problema garota? – perguntou sem paciência.
- Nenhum – disse ela com as mãos nervosas batendo nos joelhos
- Imagina se tivesse algum... – deboche puro – você não consegue ficar quieta não é?
- Mesmo com o fone no ouvido consegue ver que estou me mexendo.
- Como você mesma disse eu consigo ver, o fone tampa meus ouvidos e não meus olhos.
- E o que está escutando com seus ouvidos?
- Renato – respondeu sem vontade.                                                
- Não curto muito.
- E eu com isso? – disse ele
- Você é sempre estúpido assim?
- Não! Sou assim somente nos dias pares dos meses ímpares e nos dias ímpares dos meses pares.
- Hoje é dia seis de junho, então deveria ser educado.
- Dá licença, vou para a aula de física é melhor.
 Levantou tão transtornado que nem percebeu que deixou o livro no chão, ela só percebeu depois que ele já tinha ido, pegou o livro e o folheou com curiosidade, observou que o jovem não era muito caprichoso, resolveu devolver o livro para ele. Chegou e ficou parada em frente a porta da sala dele, o livro lhe indicou o caminho assim como também lhe disse o nome de seu dono, Thales, ela achou um nome bonito. Bateu na porta e esperou até a professora com cara de desanimo abri-la.
- Oi! – disse ela
- O que você quer Verônica? – disse a professora – estou no meio de uma aula.
- Desculpa, é que um aluno esqueceu o livro atrás da escada – falou procurando por Thales, ao encontrá-lo continuou – aquele rapaz ali – apontou.
 Ele em um canto morria de vergonha.
- Posso devolver? – perguntou ela
 A professora fez um sinal para ela entrar, os alunos fizeram a algazarra de sempre, ela, vitoriosa, entregou o livro para o rapaz sorriu e agradeceu a gentileza da professora. Depois de agüentar o deboche dos colegas de classe, jogou o livro na mochila. Na saída, imerso em pensamentos e música nem a viu parada em pé na parede. Ela o seguiu e depois de minutos de perseguição:
- Vai continuar me seguindo? – questionou de costas para ela e sem tirar os fones do ouvido.
- Eu não estou te seguindo – disfarçou ela.
- Quieta, sem me ultrapassar e parando a cada movimento brusco meu e não está me seguindo? Conta outra! O que você quer? Já me fez pagar um mico na sala e agora vai me fazer pagar um na rua?
- Não, eu queria saber se você gostaria de sair para beber um refrigerante...
- Eu não bebo refrigerante
- Entendo – ela começou a ir embora
- Mas aceito um suco ou um açaí.

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