5.12.09

Busca de figuras

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O vapor da água quente dominava o banheiro a pelo menos vinte minutos, ao sair passou a mão no espelho embaçado e jogou os cabelos de um modo tosco, se perfumou e foi para o quarto, preparada para o “combate”. Prendeu os longos cabelos negros, pintou o rosto e aumentou alguns centímetros com o salto alto e caminhou para a sala de combate. Viu o “inimigo” ali, sentado a espreita de um erro seu. Achou estranho ele não iniciar o combate, e por isso deu o primeiro tiro:
- Pai. Estou indo para uma festa de aniversário. Da Fernanda, você a conhece - usou isso como um trunfo – eu já disse para ela que iria e a minha mãe deixou – segundo tiro – Pai? Você está ouvindo.
- Sim, alto e claro minha filha. – respondeu ele sem mudar o tom de voz, a deixando preocupada.
- Bom – continuou ela – como eu disse, irei para a festa, é em uma boate não muito longe daqui.
- Certo – disse com o mesmo tom de calma de antes.
- E como a cidade está muito perigosa, vou chegar de manhã cedo – terceiro tiro.
- Realmente a cidade anda muito perigosa, chegar de manhã é melhor do que você chegar de madrugada, mesmo alguém te trazendo de carro – a calma continuou entranhada em sua voz – na minha época eu fazia isso também.
- Na sua época, pai? Tinham boates na sua época?
- Sim, com uma quantidade menor de corpos bonitos sem cérebro e com menos drogados eufóricos. Os jovens de hoje se preocupam tanto com o corpo, com o peitoral e o “tanquinho” e esquecem de malhar a massa encefálica.
- Quem precisa ser inteligente com um peitoral definido? – disparou ela
- E pelo visto eles não são os únicos a pensar assim. Você leu algum livro que eu te dei?
- Não, tem muitas páginas.
- Engraçado, alguns têm uma quantidade de páginas menor do que suas revistas de fofoca.
- Pai esses livros não tem figuras! – disse como se fosse um absurdo.
- São livros para leitura, querida e não livros para colorir por isso não tem figuras, aliás, alguns até têm figuras ilustrativas. Seria só questão de procurar. – sentindo que a estratégia começava a funcionar continuou – se subir ao seu quarto e trazer aqui para baixo podemos procurar as figuras.
- Procurar figuras? – disse tentada – acho difícil você achar alguma em algum desses livros que você me deu – começou a achar mais interessante mostrar que o pai estava errado – vou trazer todos aqui para baixo e vamos ver se há figuras em algum deles!
- Devagar filha, pois são quase trezentos livros – disse fingindo preocupação.
- Eu faço mais de uma viagem – disse descendo as escadas com o cabelo agora já solto e voltou a subir, na última pilha de livros que trouxe já estava com roupa de dormir.
- Senta aqui do meu lado, vamos começar a procurar essas figuras – disse o pai, vitorioso.

**Semana que vem post novo*** 

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