9.6.10

O inquisidor e a bruxa - parte 2 de 6

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 Terceiro dia de viagem, já estava exausto e morto de fome, pararia no próximo povoado para comer algo e visitar minha mãe. Ao chegar, mais uma recepção majestosa digna de um inquisidor após um jantar na igreja local e de algumas horas de conversa fui rever minha mãe.
 Abri a porta, apresado queria logo revê-la, beijar sua testa e ver o seu olhar de orgulho, ela já era idosa mal conseguia andar, mas tinha uma força de vontade incrível tinha se mudado para cá há pouco tempo e já era querida por todos e pensar que essa mulher velha e acabada tinha gerado um ser como eu, realmente o destino é estranho. Tive que comer lá também apesar de estar com a barriga cheia, minha mãe é teimosa como uma mula e meus esforços para não comer novamente foram em vão tive que comer tudo e repetir. Acabando meu novo jantar, fiquei sentado e tirei minhas vestimentas de inquisidor, ela apontou para minha marca de nascença, uma cruz na altura da cintura, simétrica, perfeita, não existia prova maior que essa sobre o meu destino ali: purificar os impuros. Comecei a conversar com minha mãe, ela queria saber o que eu estava fazendo lá e por que não tinha avisado que iria passar lá antes, assim ela prepararia algo para eu comer, provavelmente algo que eu gostasse. Contei a ela o motivo da minha viagem e disse o que eu fiz nos povoados em que passei até chegar ali, ela ficou horrorizada e me indagou se o que eu fazia era correto, eu disse que sim, pois expulsava demônios das pessoas. Ela continuou a não aceitar o que eu dizia.
 Será se ela está com demônios, talvez, mais por que logo ela? Minha mãe. Seria uma tentação? Os demônios possuírem ela para tentarem me desviar do meu caminho, não poderia deixá-lo no corpo dela felizmente eu sei como tirá-los teria que purifica-la e se mesmo com a tortura ela não aceitasse a Deus, terei de queimá-la. Ela foi pega e arrastada pela rua, todos ficaram indignadas, claro, aquele povoado estava totalmente impuro logo não iria saber que aquilo era para o bem dela. Ao ser traga a mim ela implorou misericórdia, porém eu a acalmei dizendo que ela ficaria bem e que logo iríamos voltar a nossa vida, era só ela aceitar a Deus, a recusa veio na mesma hora junto com o pedido materno, Deus! Por que o demônio usa as palavras de minha mãe para me tentar. 
 Achei melhor deixa-la à noite na prisão da igreja, pois assim talvez ela aceitasse a Deus e eu não precisasse torturá-la tanto já que quem aceita a Deus tem uma tortura mais branda. A noite passou e eu não preguei os olhos estava muito inquieto e irritado com o que fizeram à minha mãe, maldito povoado! Antes ela tivesse continuado onde nós morávamos lá sim era um lugar puro.
 A torturei com muito pesar, parecia que estavam fincando uma lança no meu peito seria uma provação divina para saber se eu estava preparado para tudo? Minha mãe gemia e gritava de dor não podia mandar os padres abrandarem a tortura, pois eu poderia ser torturado junto com ela... Agüentei firme e ao término ela finalmente estava purificada e poderia voltar para casa, os ferimentos no corpo iriam curar com o tempo. Ela foi mandada de volta para casa e deixada aos cuidados dos freis iria lá à noite, teria que resolver outros problemas antes de vê-la.
 Cheguei a minha casa, ela estava cheia não sei o que acontece às pessoas me olhavam com raiva, porém não vinham até mim por medo. Uma mulher veio a mim com uma mistura de ódio e medo e me chamou de monstro me indagando como fui capaz de fazer aquilo com minha mãe, eu lhe disse que ela não estava aceitando a Deus e que deveria ser purificada.
 Ela me deu um tapa, e aos berros disse que a purificação foi boa por que agora ela foi para o lado de Deus pois havia morrido, as palavras dela foram como flechas em minha direção e ao olhar para o lado oposto vi o corpo de minha mãe coberto por um pano branco, mulheres chorando e palavras de indignação. Fiquei sem ação, o chão sumiu e eu me sentia num grande vazio, ela estava morta e por minha causa comecei a pensar se o que eu fazia era certo e chorei.
 Sai do povoado com uma parte do meu coração destruído se não a tivesse levado para a purificação ela estaria viva, não a culpa não é minha e sim das influências daquele lugar, antes quando ela morava na casa antiga não pensava assim, foi só se mudar para ser possuída pelos demônios. Precisava me manter centrado passei pela provação e agora estou mais forte, meu destino estava próximo e eu precisaria estar forte para purificar o distante povoado sem luz. Uma parada rápida num pequeno povoado para descansar os cavalos, estava ainda meio triste e preferi não sair fiquei no meu transporte.

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