22.6.10

O inquisidor e a bruxa - parte 6 de 6

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  Precisava falar com ela antes que fosse queimada, queria saber por que defendia tanto suas idéias e não abaixava sua cabeça para ninguém tinha uma determinação admirável e não sei por que estava gostando disso, cheguei a sua cela como imaginei estava bem debilitada e machucada e ao vê-la assim veio uma vontade de chorar e uma certa pena do que ela estava passando. Olhou para mim e sorriu dizendo que sabia que eu iria lá, se levantou e olhou para a janela e disse que está noite não haveria mortos pois ainda não era a sua hora de ir para o mundo dos mortos, só poderia ir depois que concluísse sua missão na terra, fiquei curioso e perguntei que missão era está. Chegou perto de mim e segurou minhas mãos e as pôs em seu coração e disse que eu saberia na hora certa, fiquei desconcertado e sai da jaula olhando para minhas mãos como uma criança com brinquedo novo, me sentindo muito estranho mais queria estar errado, pois estou me apaixonando por uma bruxa, isso não é certo por que sou um inquisidor um homem casto e que só vive para purificar pessoas impuras.
 Acompanhei os preparativos para o espetáculo da purificação de perto queria ver se estava tudo certo, pois ela sendo uma bruxa poderia fazer algo para escapar da fogueira, com tudo pronto chegava a hora da purificação da bruxa, logo estaria pura e perto de Deus. Apesar disso eu me sentia diferente das outras vezes em que purifiquei pessoas na fogueira, estava triste e meio receoso em fazê-lo. Chegou a hora, iria ser queimada na parte central do lugar e o lugar ficou cheio, foram pega-la e passou arrastada pela praça central, foi xingada e alvo de pedras e outras coisas até chegar ao lugar de sua purificação. Olhou para mim com um ar de vitória, fiquei atordoado ultimamente toda vez que me olhava eu ficava assim, desviei meu olhar e mandei que fosse pressa no tronco para ser purificada na fogueira.
 Fui até ela e com um crucifixo perguntei se aceitava a Deus: Nem Deus pode mudar seu destino inquisidor e o meu, hoje não serei queimada nessa fogueira e você terá seu destino ligado ao meu para sempre. As palavras dela pareceram uma profecia e ao terminá-las começou a chover fortemente e o fogo que havia começado foi logo apagado todos correram da chuva inclusive os guardas e os padres, a bruxa se soltou das cordas e veio até mim e confirmou o que havia dito: Eu disse que não iria ser queimada e estava certa disso como você pode ver. Perplexo, confuso, com medo, feliz, molhado, deixei o crucifixo cair no barro molhado pela chuva e fui à direção dela e a beijei. Sentir seu corpo e seus lábios me deixou feliz, como se fosse água para o sedento ou comida para o esfomeado.
 Ela me olhou após o beijo e me disse: Você me ama e eu te amo, soube disso desde que te vi no riacho, mas não poderemos viver esse amor aqui infelizmente, minha missão foi cumprida. Você terá de volta tudo que fizeste na vida, é a lei do retorno e isso nem eu posso impedir. E repentinamente, saiu de meus braços e correu na direção das montanhas tentei impedi-la mais a voz de um padre me parou. Disse que tinha visto o que eu fizera e que estava enfeitiçado pela bruxa e que deveria ser purificado. Fui preso e logo teria o mesmo destino dos outros que eram acusados disso, que ironia um purificador sendo morto por que se apaixonou por uma mulher que era uma bruxa.
 A tortura foi horrível agora entendia o que minha mãe sentiu quando foi torturada por mim, era muito doloroso mal podia andar, pois tinha uma perna quebrada e um braço também, além dos machucados pelo corpo todo, o julgamento foi rápido e fui declarado culpado, o que era obvio, seria queimado na fogueira no mesmo dia e assim foi feito.
 A noite como que se escutasse os pedidos dela, parou de mandar suas lágrimas e estrelou-se, como uma mulher usando seu melhor vestido e eu só olhava para o horizonte, buscando minha amada mais não a vi, o fogo estava vindo em minha direção. Lembrei do que havia feito com as pessoas e da lei do retorno que a bruxa havia dito, realmente estava tendo o que desejei aos outros, o fogo vinha rapidamente logo estaria queimado e iria para junto de minha mãe, espero que ela tenha me perdoado.

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  • 28/06/2010, 13:12

    Um personagem interessante. Realmente algumas pessoas simplesmente recebem uma determinada educação, ensinamento e passam a exercer suas funções perante a sociedade, sem entenderem realmente o quanto suas ações afetam a terceiros... E então, de repente, um dia as coisas mudam... e você muda de posição, assim como o inquisidor e entende de verdade o quadro todo... Gostei deste conto e agora que vi que se trata de uma história com outros capítulos... Vou ler os outros para entender melhor o quadro geral e comentar...

    Abraços.
    Obrigada pela visita.

    Dean

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