7.11.10

Retorno? Evangelion? Abertura?

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Olá!
Ontem eu senti uma saudade forte do blog, mesmo!
Fazia tempo que não andava por aqui, absorto em testes, Foucault, UPP, IML e coisas afins, além do período sem criatividade para escrever (paradoxal isso, pois o que mais fiz nesses meses foi escrever, porém nada "literário" e sim muita coisa acadêmica). Creio que com a proximidade das férias o recesso está se findando as ideias ressurgem como lindas fênix (ou fênixs, fênixes enfim...).
Para não deixar o pos tão "vazio" resolvi postar um vídeo com a abertura de um animê que gosto muito: Neon Genesis Evangelion.
Evangelion foi um mangá que marcou minha adolescência, no ínicio se mostrou uma historinha meio clichê porém com o passar das edições foi crescendo e mostrando um enredo cheio de meandros psicológicos e complexo. Além de possuir um personagem principal fora dos esteriótipos de poder e coragem.

A partir desse ponto usarei a "tia" Wikipédia para explicar o mangá profundamente:
Neon Genesis Evangelion (em japonês: 新世紀エヴァンゲリオン Shin Seiki Evangerion?) é uma série de mangá japonês de várias ediçõesNeon Genesis Evangelion (NGE) é uma série que marcou o segmento de animação japonesa (anime) nos anos 90. O enredo é considerado um dos mais complexos já criados para uma animação.
A série enfoca temas diferentes que vão sendo abordados com o desenrolar da trama, começando com um clima mais leve e descontraído que vai se tornando mais e mais denso conforme a trama avança e os mistérios e acontecimentos da história a transformam, em seus episódios finais, em uma aventura psicológica a respeito das relações entre os seres humanos.

Evangelion é uma série de ação de mecha apocalíptica que gira em torno de uma organização paramilitar chamada NERV, criada para combater seres monstruosos chamados Angels, utilizando mechas gigantes chamados Evangelions (ou EVAs). Estes mechas são pilotados por adolescentes, que por um mero acaso nasceram no ano do Segundo Impacto, sendo um deles o personagem principal, chamado Shinji Ikari. Com outros adolescentes que foram treinados para usar os EVAs (por serem compatíveis com os mesmos) e com a ajuda dos membros da NERV, eles tentam derrotar os Angels e evitar a destruição do mundo.


Misato Katsuragi, minha personagem preferida a ponto de me fazer comprar um cordão igual o dela 



 Kaworu Nagisa a 4º criança
 
Os personagens de Evangelion estão continuamente lutando com seus relacionamentos interpessoais, seus "demônios" internos, e traumas do passado, criando um complexo familiar de relacionamentos. 
Anno (criador da série) descreve o personagem principal, Shinji Ikari, como um garoto solitário, e convencido dele mesmo que as pessoas não precisam dele, mas também não comete um suicídio. Ele descreve Shinji e Misato Katsuragi como extremamente "fracos, fraquinhos e fracotes" e "indecisos" em suas atitudes, que são atitudes pouco positivas para classificar alguém como herói de uma história. Quando comparados com estereótipos de heróis, Shinji é caracterizado com o que tem mais força e emoção que por sorte de heroísmo ou bravura. Rei Ayanami e Asuka Langley Soryu, os outros protagonistas, tem falhas e dificuldades similares relacionando com outras pessoas.


Protagonistas:  da esquerda para direita, Rei Ayanami, Shinji Ikari e Asuka Langley 
 
 Os personagens de Yoshiyuki Sadamoto têm contribuído para a popularidade do Evangelion. Os designs atraentes de Sadamoto das 3 líders femininas, Asuka, Rei e Misato, líder por extremos preços de merchandise (especialmente de Rei, a "Premium Girl"), e eles tem sido imortalizados na comunidade dōjinshi, modelos de kit de garagem, e em subseqüente no anime (como Burst Angel).
 

 Abertura:
 


Tradução da música do vídeo: 
Assim como um anjo cruel
Jovem, torne-se uma lenda
Mesmo este vento azul estando a bater na porta do meu peito
Você, sorrindo e olhando apenas para mim
Como em um sonho, desejar algo gentil que possa sentir
Nem mesmo o seu destino esses seus olhos doloridos podem ver

Mas quando você vai notar que em suas costas,
Por causa deste futuro distante que você almeja, nasceram asas?

*A tese do anjo cruel
Logo sai voando pela janela
Se com essa dor ardente que surge
você abandonar as suas memórias.
Abrace este céu e brilhe,
Jovem, e torne-se uma lenda.

Dormindo eternamente no berço do meu amor
Chegou a manhã em que você é chamado pelo mensageiro dos sonhos
Com a luz da lua refletindo em seus ombros
Você quer parar o tempo no mundo, aprisioná-lo, mas

Se existe algum sentido em termos nos encontrado
Deve ser para que eu pudesse conhecer a liberdade

A tese do anjo cruel
Desta forma a tristeza começou
Na forma desta vida que você aceitou
Quando você começou a perseguir este sonho
Brilhe mais que qualquer um,
Jovem, e torne-se uma lenda.

As pessoas, enquanto tecem o amor, constroem a sua história
Não vou me acostumar a coisas como deusas

7.10.10

O último baile

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 Preparou tudo de forma minuciosa, pois eles mereciam e seria um modo de deixar sua consciência tranqüila, ou menos pesada. Conseguiu os doces pela metade do preço, assim como os salgados, a bebida foi dada por um distribuidor. Pensou como a guerra juntava as pessoas numa solidariedade sombria. O patriotismo levado ao extremo. Tudo pelo país, até mesmo mandar a juventude para a morte certa.
 A banda que irá tocar chegou no horário marcado, enquanto eles se preparavam arrumando instrumentos ouviam as instruções do organizador do baile. Instruções claras e precisas: somente músicas alegres e de exaltação, nenhuma de recriminação à guerra. Nunca, jamais.
 Os jovens começaram a chegar, os meninos se sentindo homens ao serem recrutados para lutar, a maioria só conhecia guerra de filmes. Veriam depois que os filmes mentem. As meninas doidas para namorar um futuro herói de guerra e já sabia o discurso de mulher de herói que usariam, além do vestido lindo a ponto de matar as outras de inveja.
 O garoto de óculos fundo de garrafa (recrutado por total falta e opções) ficou no canto, quieto. Fitou as pessoas dançando felizes antes de irem para o campo de batalha, observou-os sem o desejo carnal que o consome e sim com o olhar de um pai sabendo que o futuro do filho será nebuloso.
 Entre abraços e “olás” viu-os indo e vindo, ficou feliz ao ver o garoto de óculos conseguir tirar alguém para dançar. Excomungou quem decidiu chamar esse menino para a guerra, seria o primeiro a cair possivelmente. Segurando a parede com as costas escutou a conversa do jovem de óculos com a menina, ele prometeu voltar e ela prometeu esperar por ele, o jovem deu um colar com um santinho para ela e ela o pôs no pescoço e prometeu tirar somente quando ele voltar, para devolvê-lo.
 O baile acabou cedo e os rapazes orgulhosos dentro do uniforme foram embora levando as meninas em casa, uns fazendo mais do que somente as deixarem em casa. O menino de óculos foi um do que somente deixaram as meninas em casa. Deu-lhe um beijo e prometeu voltar para ela e pediu para a moça sempre usar o cordão até quando ele voltar da guerra antes disso nunca tirar.
 O cordão ficou no seu pescoço até o dia de sua morte, e o jovem nunca voltou para buscá-lo e nem poderia, pois nem da guerra voltou...

1.9.10

A Pergunta

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 Deitado na cama, vendo sua mulher se olhando no espelho só de lingerie ele rezava para não ouvir aquela pergunta, se pudesse ficaria de joelhos só para não Ter que responde-la  e até agora nenhum sinal alertava que ela seria feita.  Até que:
- Benhê, você acha que eu tô gorda?
Pronto! Uma ogiva nuclear cai na cabeça dele, Hiroshima e Nagasaki eram pinto perto daquela pergunta e agora? Que resposta dar? Olhava para o alto como se buscasse algo no cérebro, como se este fosse uma gaveta de cuecas.
- Hein amor! Eu acho que ganhei uns quilos, deve Ter sido aquela visita a tua mãe, aquela comida toda parece que ela faz de propósito só pra me engordar!
 Respirou fundo para se acalmar e poder responder sem dar margem a desconfianças.
- Não amor, você tá com um corpo ótimo, parece uma menininha.
 Um sorriso saiu de seus lábios, uma tentativa frustrada de não Ter represálias, porém:
- Tá mentindo! Falou só porque quer dormir, você deu o sorriso falso número dois querido, eu não perguntei se tava boa ou ruim e sim se estava gorda! Você usou uma boa tática rapaz, veio com agrado distorceu a pergunta e tentou uma comparação, não funcionou!
  Pronto explodiu a ogiva, bem na cabeça dele: - Que isso amor! Eu disse a verdade.
- Hahahaha, como você pode fazer isso comigo!?!? Dizer que eu pareço até uma menininha!
Ele, tentando entender aquilo: - Mas você é minha menininha, meu bebê
- Não, não e não, você não disse algo do tipo “você é uma menina”, você disse: “você é como uma menina”
 Perplexo com aquele detalhe gramatical ele: - E qual a diferença do que eu disse, foi um elogio querida, só isso vamos dormir amor, você é linda de qualquer jeito.
- Mais uma agora! Primeiro a diferença e que vc disse que eu pareço uma menininha, logo não sou mais uma menininha, portanto sou uma velha, e isso o que você quis dizer, que sou passada, obesa, que meus peitos estão caindo, uma velha! E agora mais uma! Você quer me deixar louca! Como assim sou linda de qualquer jeito? Está insinuando que eu sou linda mesmo estando gorda? Não, não me diga que não foi isso que quis dizer porque foi sim!
Tentando esconder a risada ele olha pra esposa que no momento bufa igual um touro bravo: - Amor, entenda, você é linda e tudo na minha vida, sem você eu não conseguiria viver, você não está gorda você é linda.
 Esperando que o acordo de paz fosse selado, na cama ficou esperando a resposta dela que já não bufava mais agora parecia uma lebre, ou coelho se assim desejar, e ele esperava que ela também estivesse com a mesma disposição sexual do coelho.
- Tudo bem, me ganhou pelo discurso bonito vindo de você isso é poesia.
Agora sim ele poderia satisfazer seus desejos, com a mulher falsa-magra-gorda, ela veio em sua direção com sua sensualidade feminina, peculiar e estranha, sorrindo.
- Boa noite querido, obrigado por sempre me por pra cima. E beijou sua testa, ajeitou o travesseiro, virou e dormiu.

26.8.10

Recomeço

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- Recomeço – disse para si mesma diante ao espelho tentando sentir firmeza nas próprias palavras – Preciso recomeçar, voltar à rotina. Viver.....
Pegou a blusa e jogou na cama revoltada.
- Essa não! Preciso de algo melhor para usar nesse momento, algo radiante e único. Recomeço.
Achou a roupa certa, vestiu-se, repetiu a palavra de ordem, recomeço, e saiu. Olhar de superioridade, corpo gingando pelas ruas provocando o “sexo forte” e na mente a palavra repetida exaustivamente, recomeço, recomeço, recomeço.... Parou defronte ao prédio, olhou seus inúmeros andares, todos com janelas verdes refletindo o sol quente do dia de verão, continuou a repetição da palavra, criou coragem e subiu as imponentes escadas que levam a entrada do prédio, caminhou entre executivos com gravatas ridículas, outro, mais jovem, com uma cara obvia de quem ali não queria estar, provavelmente deseja torrar no sol e não ficar ali coberto dos pés a cabeça.
 Entrou no elevador, lotado, e aguardou o seu andar entre conversas sobre cotações, futebol, o capítulo de ontem da novela das oito “Quem deve ficar com Joana” o gordo perguntava para a mulher e ela: “O Henrique porque ele é mais bonito”, não conseguiu disfarçar um riso debochado ao escutar um assunto tão comum e banal num lugar tão ostentativo como ali. O elevador parando em cada andar e esvaziando pouco a pouco até que chegou a vez dela sair, saiu respirou fundo, mentalizou seu mantra particular e principiou a andar, devagar, sem pressa.
 A porta dupla de vidro fume com letreiro branco e dois seguranças, um de cada lado, surgiram diante dela, interrompeu seus passos, ignorou o olhar curioso e ameaçador dos seguranças por instantes, repetiu mentalmente e uma vez falou num tom meio alto, deixando os seguranças sem entender nada, recomeço. Entrou.
 Olhos curiosos a perseguiram na sala luxuosa e cheia, observou todos com um certo olhar de superioridade e arrogância e sentou-se na poltrona e esperou, o tempo passava o número de pessoas diminuía gente entrando, gente saindo e ela olhando revistas antigas com a palavra na cabeça. Recomeço. Ouviu seu nome ser chamado pela secretária feia e mal-educada, atendeu-a prontamente, levantou-se, ajeitou a roupa e andou com passos calmos e triunfantes. O homem, mal vestido e entediado, a mandou entrar no escritório, mandou-a sentar e questionou-lhe o que ela fazia ali. Ela disse com toda a convicção.
- Vim concorrer a uma vaga de emprego na sua empresa e seu que conseguirei – disse confiante – recomeço – pensou.

14.8.10

Doze Anos

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A porta foi arrombada com um chute, a luz da rua mostrava no chão do casebre a sombra de um homem segurando uma arma. Com a mira ótima acertou direto na cabeça da mulher, tingindo de vermelho seu corpo negro suado. As mulheres poderiam ser descartadas, pois eram muitas, os homens não, pois as baixas da guerra civil eram consideráveis. Encontrou um monte de ossos e pele tremendo num canto do quarto com as lágrimas descendo pelo braço, o levantou e o levou consigo. Voltando ao acampamento o “soldado” comemorava sua  captura, mais um recruta para a guerra. Pouco importou-lhe o fato do recruta ter doze anos.

 Em outro lugar, sem guerra civil e surto de doenças e sem tanta pobreza, a menina junta as moedas que conseguiu, movimento fraco culpa do medo e da violência, diriam alguns intelectuais, a menina achava que era somente má sorte. Graças ao que conseguiu aprender na escola, antes de ser obrigada a deixá-la, fez a conta das moedas e esboçou um sorriso. Saiu em disparada para casa, abriu a porta, pegou o irmão no colo e foi ver se a mãe estava no quarto, a encontrou na imundice do quarto, entre garrafas e seringas usadas. Deu o dinheiro para ela e ao ouvir a reclamação, alegou movimento fraco e que voltaria para o sinal, agora com o irmão e colo junto. Levou o garoto sim, mas não para o sinal o levou numa lanchonete e com os olhos ávidos e chorosos, pediu dois sanduíches. Comemorou seu aniversário e doze anos antes de voltar para o sinal.

   Mais longe, quase como em outro mundo o aeroporto parecia uma torre de babel, várias línguas sendo faladas, japoneses e suas viseiras esquisitas, ou seriam chineses? Talvez coreanos? Tanto faz, para ele pouco importava, somente o destino de sua viagem, sua mãe levou duas malas, além da clássica mala da Victor Hugo que sempre leva para viajar e que já pensava em trocar por já ter seis meses de uso. O menino já considerava a bolsa ultrapassada, assim como seu aparelho de MP3, já existia um mais moderno que seu pai prontamente disse comprar assim que desembarcassem da aeronave. O vôo iria partir e em algumas horas ele estaria novamente em orlando – a segunda vez esse ano – vendo o camundongo de bermuda vermelha e seus amigos.


7.8.10

Conto de dia dos pais

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Todo o procedimento durou três anos, a maratona de visitas, entrevistas e análises de psicólogos foi cansativa e irritante. Tudo por ela.
 A conheceu numa visita voluntária, entre pequenos problemáticos e possíveis marginais, lá estava ela alheia a tudo imersa em sua própria dor. Parecia bem mais velha no alto de seus quatro anos. A tristeza quieta dela o cativou, procurou mais sobre a menina e descobriu uma história onde o binômio pobreza-violência guiava os passos de todos. Decidiu adotá-la.
 Fez algumas visitas ao abrigo, queria e precisava conhecê-la melhor. O contato no foi fácil e nem calmo, ela tinha a marca da violência: a desconfiança total de tudo e todos. Após transpassar o muro erguido pela pobreza e violência um jardim se revelou, florido, imenso e colorido. Era o coração apaixonante da criança de quatro anos.
 O coração, seu sorriso triste e sua fala calma e cheia de erros de português eram encantadoras. Ela seria sua filha não importa o que houvesse.
 A justiça foi como sempre é, lenta, e a lentidão do processo os aproximou criando raízes, presentes e um quarto todo rosa para ela. Quando o juiz a deu para ele, as lagrimas escorreram por seus olhos verdes. E hoje a menina com seus oito anos dorme tranquila no quarto ao lado. Pelo menos ele acha.
 Canhestra, ela abriu a porta verde-claro do quarto. Segurava uma bandeja com o café-da-manhã, preparado com a ajuda da empregada. Sorrindo sua voz era a felicidade:
- Feliz dia dos pais, papai!
 Ele era lágrimas e felicidade.

1.8.10

Os vaga-lumes

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 A lua destoava da escuridão que imperava naquela noite sem nuvens e nem estrelas, ele andava sem pressa, pisando com o “All Star” vermelho de cadarços pretos. Arrumou o boné e tocou a campainha da casa e aguardou até ela abrir a porta, com os cabelos meio molhados, uma camiseta branca, calça jeans e o surrado tênis que ele adora. Beijou-a de forma serena e como sempre sentiu o mundo girar sem precisar sair do lugar.
 A segurou pela mão e foram para o lugar aonde ele queria lhe fazer o pedido tão ensaiado em seu quarto. Pegaram um ônibus para chegar, andaram por vinte minutos e enfim chegaram “lá”, era um lugar alto, podia se ver a cidade e suas luzes frenéticas à esquerda e a direita se via um lago silencioso e apesar dos mosquitos o lugar era romântico. Sentaram-se na grama e olharam o horizonte, engraçado como ali sozinhos podendo fazer tudo eles preferiram ficar juntos olhando o horizonte.
 Comeu o biscoito deitado com ela recostada sobre seu peito, ele agradeceu a idéia que sua mãe teve de colocar repelente na mochila.
- Noite linda, não é Parsifal? – engraçado como ela achava que seu nome ficava bonito dito por ela.
- Concordo.
- Poderia ficar aqui para sempre – disse ela com os cabelos escondendo o rosto.
- Para sempre? Aí veríamos o dia e a noite, o dia e a noite, o dia e a noite, dia e noite... – disse balançando a cabeça.
- Viraria rotina.
- Exato! E como eu sei bem que você odeia rotina...
-Exato – repetiu o tom de voz dele – Parsifal, acho melhor a gente ir embora, ta ficando meio tarde.
 Ela tirou a cabeça do peito dele e se levantou e esticou os braços na direção dele que a segurou, a envolveu em seus braços e a beijou.
- Verônica – empostou uma voz solene – você gostaria de ser minha namorada oficialmente?
- O que você acha? Claro!
 O vento fez a sua parte fazendo as folhas voarem e os vaga-lumes se espantarem, iluminando com um tom verde a escuridão em volta dos dois. Como cena de filme romântico 

25.7.10

O vilão

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 As mulheres esperneavam e os homens assombravam-se, todos na cidade pararam para ver o derradeiro truque do vilão, a polícia pouco podia fazer contra ele – poderia até se esforçar mas com um herói como aquele na cidade não havia motivo - , e eis que ele surge dos céus voando com sua bela capa e seu uniforme colado no corpo escultural. Pousa e com as mãos na cintura ameaça o vilão, que desdenha e continua ali inerte, provocante.
-  Me diz herói, por que gosta tanto disso? – perguntou o vilão.
-  Eu vivo para salvar os outros, sabe disso – respondeu ele seguido dos aplausos dos cidadãos.
-  Sei..... vive para salvar os outros, em outras palavras vive para alimentar seu ego.
-  Nunca, eu amo ser herói.
-  Isso! Ama ser herói! Todas as capas de jornal com você estampado, as mulheres enlouquecidas correndo atrás de você.
-  Quieto vilão, te levarei preso.
-  E eu fugo.
-  Te caçarei até o inferno se for necessário.
-  E por que você com tanta força e tanto poder não me mata logo? – disse o vilão com frieza – seria mais fácil para todos, não acredita nisso?
-  Eu não mato ninguém, nem mesmo meus inimigos.
-  Não mata por que se matar perde a popularidade, admita herói você precisa de mim!
-  Deixe de besteiras.
-  Claro que precisa, se eu não roubar nada e tudo ficar bem as pessoas esquecerão você e acredite, elas sempre esquecem. Logo para ser lembrado precisa de um vilão!
-  Não fale mentiras.
-  Então me mate! – e abriu as pernas e braços como um alvo humano – sabe que se me matar perde sua glória de bom moço. Vigilantes não são bem vindos, provavelmente seu ego não suportaria!
-  Não!
-  Como pensei, VOCÊ É O MEU MAIOR CÚMPLICE!
Um soco foi suficiente para mata-lo, todos ao redor gritaram de pavor e em poucos segundos o grande herói viu que sem um grande vilão ele não iria existir realmente.

18.7.10

Mais uma de amor

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 O fone de ouvido o desligava do mundo ao seu redor, alguns psicólogos diriam que é um método de fuga, ele acha que é uma forma de ninguém o perturbar. Ali com os ouvidos atentos a musica do Renato Russo, Thales olhava o nada matando aula. Física quem precisa disso? Ele se chama Thales e não Newton, não precisa saber física.
 Sentado na parte de trás da escada Thales rabiscava o caderno tentando desenhar algo que nem de muito longo parecia um desenho e sim um rabisco infantil. Estava tão entretido que nem a viu chegar, só percebeu o tênia rabiscado com caneta, tinteiro talvez, vermelha e o cadarço azul claro. Levantou a cabeça e viu o corpo pequeno e frágil na sua frente, os longos cabelos negros até abaixo da metade de seu comprimento e a partir dali azuis. Ela começou puxando assunto:
- Posso sentar?
- Senta – voltou a se entreter com sua tentativa de criação de desenho.
 Ela sentou, do lado oposto ao dele com os joelhos protegidos pelos braços, tamborilando com os pés. Thales começou a se irritar com a menina e lançou um olhar reprovador, ela percebeu e sem graça parou com o tique até começar a batucar com as mãos.
- Algum problema garota? – perguntou sem paciência.
- Nenhum – disse ela com as mãos nervosas batendo nos joelhos
- Imagina se tivesse algum... – deboche puro – você não consegue ficar quieta não é?
- Mesmo com o fone no ouvido consegue ver que estou me mexendo.
- Como você mesma disse eu consigo ver, o fone tampa meus ouvidos e não meus olhos.
- E o que está escutando com seus ouvidos?
- Renato – respondeu sem vontade.                                                
- Não curto muito.
- E eu com isso? – disse ele
- Você é sempre estúpido assim?
- Não! Sou assim somente nos dias pares dos meses ímpares e nos dias ímpares dos meses pares.
- Hoje é dia seis de junho, então deveria ser educado.
- Dá licença, vou para a aula de física é melhor.
 Levantou tão transtornado que nem percebeu que deixou o livro no chão, ela só percebeu depois que ele já tinha ido, pegou o livro e o folheou com curiosidade, observou que o jovem não era muito caprichoso, resolveu devolver o livro para ele. Chegou e ficou parada em frente a porta da sala dele, o livro lhe indicou o caminho assim como também lhe disse o nome de seu dono, Thales, ela achou um nome bonito. Bateu na porta e esperou até a professora com cara de desanimo abri-la.
- Oi! – disse ela
- O que você quer Verônica? – disse a professora – estou no meio de uma aula.
- Desculpa, é que um aluno esqueceu o livro atrás da escada – falou procurando por Thales, ao encontrá-lo continuou – aquele rapaz ali – apontou.
 Ele em um canto morria de vergonha.
- Posso devolver? – perguntou ela
 A professora fez um sinal para ela entrar, os alunos fizeram a algazarra de sempre, ela, vitoriosa, entregou o livro para o rapaz sorriu e agradeceu a gentileza da professora. Depois de agüentar o deboche dos colegas de classe, jogou o livro na mochila. Na saída, imerso em pensamentos e música nem a viu parada em pé na parede. Ela o seguiu e depois de minutos de perseguição:
- Vai continuar me seguindo? – questionou de costas para ela e sem tirar os fones do ouvido.
- Eu não estou te seguindo – disfarçou ela.
- Quieta, sem me ultrapassar e parando a cada movimento brusco meu e não está me seguindo? Conta outra! O que você quer? Já me fez pagar um mico na sala e agora vai me fazer pagar um na rua?
- Não, eu queria saber se você gostaria de sair para beber um refrigerante...
- Eu não bebo refrigerante
- Entendo – ela começou a ir embora
- Mas aceito um suco ou um açaí.

14.7.10

Procure cia. aérea

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Olhou para o painel com números e horários. Ignorou as palavras atrasado e cancelado que apareciam do lado direito de sua visão. Buscou, buscou e buscou até encontrar o culpado por sua ansiedade e fez uma careta estranha ao ler a mensagem “procure cia. aérea”. Percorreu o saguão de desembarque e chegou até o embarque em aproximados cinco minutos, desviando de malas e pessoas apressadas e seus óculos escuros para proteger do sol que sabe Deus onde foi se meter no meio do dia nublado.
 No terminal de embarque buscou por algum funcionário. O primeiro lhe ignorou e o segundo pouco sabia sobre o assunto. O terceiro esse sim, soube explicar a situação e pediu educadamente para ele aguardar que em uma hora aproximadamente a aeronave chegaria ao seu destino e melhor seria ele voltar para o desembarque. Uma hora – aproximadamente – e o gigante tocaria o solo.
 Resolveu comer algo. Desistiu depois do terceiro restaurante, foi comer no moço que vendia salgados numa bicicleta rezando para não passar mal depois de ingerir aquilo, por hora pensou somente que estava gostoso. Voltou para sua posição: à frente do televisor com os vôos de chegada e percebeu que a mensagem “procure cia. aérea” permanecia no painel. O relógio dizia que vinte minutos se passaram desde quando ele falou com o salvador funcionário e por isso o nervosismo o cegou.
 Correu para o setor de embarque novamente, atropelou duas mulheres e a moça com o esfregão na mão, nem pediu desculpas, procurou pelo tal rapaz e não o localizou. Questionou seu paradeiro para uma moça e ela educada e sorridente disse que o rapaz já tinha ido para casa e se ela poderia ajudar. Com o nervosismo turvando-o cuspiu palavras desconectadas pediu para falar com o superior aos berros, descontrolado e assustado temendo o pior.
 A jovem entrou numa porta para chamar o tal superior e ele nervoso conferiu as horas. Trinta minutos. A menina voltou e pediu para ele aguardar, pois o superior encontrava-se ocupado. Quarenta minutos passaram desde quando o falaram da previsão de decolagem. O superior surgiu da porta e foi ao seu encontro, esperou ele cuspir tudo que tinha para cuspir e disse com calma que a aeronave do vôo já estava em solo e o desembarque já ocorria.
 Na volta para o setor de desembarque, correndo novamente, conseguiu desviar de todos os obstáculos humanos e derivados. Foi interrompido pelo som da grave voz a muito conhecida. Procurou no sentido do som e encontrou o dono da voz. Os olhos encheram de água e foi com os braços abertos ao encontro do homem baixo e com cara de desconfiado, o motivo e todo seu nervosismo. O ergueu e disse a palavra que resumiu todo seu sentimento: pai.